quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Informe Educação



Termina hoje as inscrições para o Prouni
Até o meio-dia de hoje (18), 873 mil estudantes tinham se inscrito para participar do Prouni (Programa Universidade para Todos), que oferece 195 mil bolsas para o primeiro semestre deste ano. As inscrições terminam hoje (19) e só podem ser feitas pela internet.

PRIMEIRA CHAMADA

Resultado
22 de janeiro
Matrícula e comprovação de informações
23 de janeiro a 1º de fevereiro

SEGUNDA CHAMADA

Resultado
7 de fevereiro
Matrícula e comprovação de informações
Até 15 de fevereiro

LISTA DE ESPERA

Manifestação de interesse
22 a 24 de fevereiro
Primeira convocação
27 de fevereiro
Matrícula da primeira convocação
28 de fevereiro a 2 de março
Segunda convocação
9 de março
Matrícula da segunda convocação
12 a 15 de março
O sistema já contabilizou 1.671.397 inscrições – cada candidato pode fazer até duas opções de curso, indicando sua prioridade. Podem participar do Prouni estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou que estudaram em colégio particular com bolsa integral. Também é necessário ter participado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2011 e alcançado pelo menos 400 pontos na média das provas objetivas e não ter zerado a redação.
Do total de bolsas oferecidas, 98 mil são integrais e 96 mil, parciais, que custeiam 50% da mensalidade. O benefício integral é destinado àqueles com renda familiar per capita mensal até 1,5 salário mínimo. As bolsas parciais podem ser pleiteadas por quem tem renda familiar per capita até três salários mínimos.
Até o momento, São Paulo é o estado com o maior número de inscrições: 322 mil. Em seguida, vêm Minas Gerais, com 198 .029; Bahia, com 117.193; Rio Grande do Sul, com 112.913 mil; e Rio de Janeiro, com 112.261.
A lista dos aprovados em primeira chamada está prevista para o próximo domingo (22). Os selecionados deverão comparecer à instituição de ensino onde conseguiram a bolsa no período de 23 de janeiro a 1° de fevereiro para apresentar a documentação necessária e providenciar a matrícula. Após esse processo de confirmação, será divulgada a segunda chamada no dia 7 de fevereiro.
Ao fim das duas chamadas, o sistema vai gerar uma lista de espera para preencher as bolsas remanescentes. Os interessados em participar dessa lista deverão fazer o pedido no próprio site do ProUni entre 22 e 24 deste mês.

O que é o Prouni

Criado em 2004, o Prouni já concedeu 919 mil bolsas de estudos em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, segundo o MEC. Podem se candidatar às bolsas integrais estudantes com renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio (R$ 933). As bolsas parciais são destinadas a candidatos com renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.866) por pessoa.
Além de ter feito o Enem 2011, com um mínimo de 400 pontos na média das cinco notas do exame e pelo menos nota mínima na redação, o candidato deve ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou, em caso de escola particular, na condição de bolsista integral.
Professores da rede pública de ensino básico que concorrem a bolsas em cursos de licenciatura, curso normal superior ou de pedagogia não precisam cumprir o critério de renda, desde que estejam em efetivo exercício e integrem o quadro permanente da escola na qual atuam.

Curso a distância exige mais dedicação que educação presencial, dizem alunos

Para incentivar o estudo, cursos a distância exigem dos alunos mais exercícios e produção de textos

Para muita gente, curso a distância é sinônimo de diploma fácil, rápido e sem grandes exigências. Para a bancária Fabiana Pessôa, 31, também era assim. Até que ela começou, em 2006, a cursar as aulas da graduação em administração a distância na UnB (Universidade de Brasília), um projeto piloto de uma das principais universidades públicas do país.
“Na época, eu já cursava direito, na modalidade presencial, e estava indecisa. Quando soube do projeto da UnB, não tive dúvidas. Pensava que seria uma 'mamata', mas tive que me dedicar bastante”, afirma Pessôa, que hoje exibe os dois diplomas universitários na parede. O de administração veio no fim do ano passado, depois de cinco anos de aulas.
Em princípio, a vantagem do ensino a distância (EAD) para Pessôa era ganhar tempo ao não precisar se deslocar diariamente até a UnB – e ainda poder usar a hora do almoço para estudar. Ela percebeu, porém, que, além de economizar algumas horas do dia, a modalidade exigia um nível de dedicação maior do que a versão presencial. “Eu tinha material para ler e atividades para entregar todos os dias da semana”, conta. “Acho que me dediquei mais ao curso a distância do que ao presencial”, diz a bancária, que afirma ter mais facilidade para estudar sozinha do que em sala de aula, com mais gente.

Quebrando o mito de que os cursos a distância são mais fáceis do que os presenciais, um estudo feito em 2007 pelo Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) com base nos resultados do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, que avalia o ensino superior) apontou que os alunos de cursos a distância estavam melhor preparados. Em sete das 13 áreas onde a comparaçãoentre as modalidades foi possível, universitários que estudavam a distância tiveram desempenho superior aos demais. Para Pessoa, o curso de administração a distância não foi fácil. "Tenho colegas que não ainda se formaram porque reprovaram em algumas disciplinas", diz. Apesar da dedicação ao curso, ela teve de recorrer a aulas presenciais de reforço aos sábados para vencer um dos conteúdos. “Matemática financeira era meu ponto fraco”, conta.  Hoje, a bancária diz sentir-se bem preparada como administradora e acredita que o diploma vai ajudá-la na ascensão profissional. 

A cultura indígena que se fortalece na escola

Povos Indígenas - Os Primeiros Habitantes

Na região atual do Estado do Rio de Janeiro, os habitantes que os colonizadores europeus primeiro encontraram foram os TUPINAMBÁS, da família TUPI, espalhados, aos milhares, em aldeias formadas por cerca de 500 a 3000 indígenas cada.
Os povos da família TUPI e os da família PURI (menos conhecidos, mas ocupando grande extensão do território do Estado do Rio) foram os que contribuíram, decisivamente, para a formação étnica do povo fluminense.Pode-se dizer que nas terras do Estado do Rio de hoje viveram indígenas de pelo menos vinte idiomas diferentes, pertencendo todos (menos um não classificado) a quatro grandes família linguísticas (Tupi, Puri, Botocudo e Maxacali). Sua localização é imprecisa: a procura de novas terras para plantio e territórios para caça, os conflitos intertribais, a busca legendária “Terra Sem Males” ou “Paraíso Terrestre” e, sobretudo, a fuga da escravidão pelos colonizadores, provocaram sua constante movimentação.



Grupos indígenas no Estado do Rio de Janeiro em diferentes momentos da Colônia. (Pesquisa realizada pelo Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

 A família Tupi ou Tupi-Guarani Tupinambá ou Tamoyo nas zonas de lagunas e enseadas do litoral doCabo Frio até Angra dos Reis; 
Temiminó ou Maracajá, na Baía de Guanabara; 
Tupinikim ou Margaya, no litoral norte fluminense e Espírito Santo; 
Ararape ou Arary, no vale do Paraíba do Sul; 
Maromomone ou Miramomim, na antiga missão de São Barnabé.
 
A família Puri (vinculada pelo pesquisador Aryon Rodrigues ao tronco Macro-Jê). 
Puri, Telikong ou Paqui, nos vales do Itabapoana e Médio Paraíba e nas serras da Mantiqueira e das Frecheiras, entre os rios Pomba e Muriaé. Estava dividida em três sub-grupos: Sabonan, Uambori e Xamixuma; 
Coroado, em ramificações da Serra do Mar e nos vales dos rios Paraíba, Pomba e Preto. Subdividida em vários grupos entre os quais,
Maritong, Tamprum e Sasaricon; 
Coropó no rio Pomba e na margem do Alto Paraíba;
Goitacá, Guaitacá, Waitaka ou Aitacaz, nas planícies e restingas do Norte Fluminense, em áreas próximas ao Cabo de São Tomé, no território entre a Lagoa Feia e a boca do rio Paraíba. Subdividida em quatro grupos: Goitacá-Mopi, Goitacá-Jacoritó, Goitacá-Guassu e Goitacá-Mirim;
 
Guaru ou Guarulho, falada na Serra dos Órgãos e também nas margens dos rios Piabanha, Paraíba e afluentes, incluindo o Muriaé, com suas ramificações por Minas Gerais e Espírito Santo;
 

Pitá, na região do rio Bonito;
Xumeto, na Serra da Mantiqueira; 
Bacunin, no rio Preto e próximo à atual cidade de Valença;
Bocayú, nos rios Preto e Pomba; 
Caxiné, na região entre os rios Preto e Paraíba; 
Sacaru, no vale do Médio Paraíba; .Paraíba, também no Médio Paraíba. 
A família Botocudo (pertencente ao tronco Macro-Jê), Aimoré ou Batachoa, nos vales do rio Itabapoana e na região do rio Macacu) A família Maxacalí ou Mashakali (vinculada por Aryon Rodrigues ao tronco Macro-Jê). 
Ma
xacalí ou Mashakali, falada na área do rio Carangola, nas atuais fronteiras do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. 
Língua não-classificada .Goianá, Guaianá ou Guaianã, cujos falantes estavam concentrados na Capitania de São Vicente. Alguns foram localizados na Ilha Grande, em Angra dos Reis e em Parati.


OS TUPI
Alegres, apaixonados pela música e pela dança, os Tupi praticavam a agricultura, cultivando mandioca, abóbora, amendoim, feijão, pimenta, tabaco e árvores frutíferas. Fabricavam redes com o algodão que plantavam e teciam. Os Tupinambá previam as chuvas e as grandes marés, conheciam as relações entre os seres no meio ambiente, as propriedades medicinais dos vegetais e selecionavam sementes para a melhoria das espécies.
 
“Classificaram o mundo natural, com o rigor equivalente ao realizado pelos europeus nos campos da Biologia, Botânica e Zoologia. Observadores cuidadosos da natureza, os índios produziram ciência”. (Bessa, J.R. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”)Programa de Estudos dos Povos Indígenas - UERJ - Rio de Janeiro.
Os indígenas só consideravam propriedade pessoal suas armas e enfeites. Partilhavam o restante: os produtos da caça, pesca e colheita. Essa generosidade abrangia todos que estivessem sob o seu teto.
“Como o valor maior que relacionava os membros da tribo era o grupo - o individualismo não fazia sentido para eles, - os índios, sobretudo os Tupi, tinham o costume de oferecer uma mulher a todo estranho que fosse aceito entre eles, ou um marido a uma mulher incorporada à tribo. Com isso, o recém chegado tornava-se parente por afinidade de todo o grupo, desempenhando um papel na tribo e participando de suas atividades”. 
Caldeira, J. em “Viagem pela História do Brasil”).
Os Tupi do litoral foram dizimados por epidemias, escravidão e guerras nos séculos XVI e XVII. 

OS PURI



Da família Puri os Goitacá, na região do hoje município de Campos, eram exímios nadadores, habilíssimos na corrida e na utilização do arco e flecha. Desde o início da colonização, combateram portugueses e franceses. Mas acabaram sendo exterminados sem deixar vestígio escrito de qualquer palavra de seu idioma, assim como aconteceu com os Guarulho, também da família Puri. Registrados foram os idiomas dos Coroado, Coropó e Puri. Habitando o interior, em local de difícil acesso, não tiveram contato permanente com o colonizador até o século XVIII. Esses três povos, não tão bons agricultores quanto os Tupinambá, eram imbatíveis nas técnicas de rastreamento e na caça. Alguns desses grupos foram  contatados somente no século passado. Os Puri resistiram até os séculos XVIII e XIX. 

PROJETO COLONIAL
O projeto colonial português se afirmava desenvolvendo duas formas de intervenção drásticas para a sobrevivência dos povos indígenas: usurpação de suas terras e exploração da sua força de trabalho.
“O Recôncavo da Guanabara, onde floresciam dezenas de aldeias indígenas, foi rapidamente retalhado em sesmarias e começou a ser ocupado por engenhos desde meados do século XVI. Com a fundação da vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, vastas sesmarias foram concedidas para a constituição do patrimônio da cidade, incluindo parte da Baía de Guanabara e adjacências. Para fora do núcleo urbano, estendia-se uma zona agrícola e pastoril, com lavouras, engenhos e campos de pastagem.
No final do século, além das sesmarias concedidas a particulares, três dos quatros morros que marcariam os limites do centro urbano do Rio de Janeiro já estavam ocupados: o do Castelo, pelos jesuítas; o de São Bento, pelos beneditinos e o de Santo Antonio, pelos franciscanos, pouco sobrando das antigas aldeias.” (Bessa, J. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”). 

RESISTÊNCIA INDÍGENA
A colonização portuguesa não se realizou de forma pacífica. Os índios Goitacá, em Campos, por duas vezes destruíram a povoação e os engenhos de açúcar construídos em seu território, obrigando o donatário Pero de Góes a abandonar a região. (1545)
Os Tamoio ou Tupinambá (Família Tupi), que ocupavam a região do Rio de Janeiro até Ubatuba, grandes guerreiros, formaram uma confederação de tribos, a Confederação dos Tamoios que, aliada aos franceses durante dez anos (1555-1565), ameaçaram o povoamento português das capitanias do sul. Só foram derrotados após várias ações de governadores gerais, com reforço do Espírito Santo e São Vicente e dos índios Temiminós, liderados por Araribóia, aliados dos franceses que viviam na Baía de Guanabara. 
Os franceses foram expulsos e os índios Tupinambá tiveram suas aldeias destruídas e suas terras ocupadas e distribuídas entre portugueses. Os que conseguiram sobreviver, fugiram para além da Serra do Mar.
Como recompensa, Araribóia, líder dos Temiminós, obteve da Coroa Portuguesa as terras onde hoje fica situada a cidade de Niterói. Apesar de aliados, foram sendo progressivamente expulsos da região pelos próprios colonos portugueses. Seus últimos remanescentes sobreviveram em grande miséria até o século XIX, na aldeia de São Lourenço. 

PRIMEIROS HABITANTES : PRIMEIROS ESCRAVOS





Na realidade, os primeiros escravos do Brasil foram os índios, também chamados, na documentação oficial, de “negros da terra” ou “gentío da terra”.
Eram usados como força de trabalho em tempo de guerra e em tempo de paz: soldados contra o invasor não português e trabalhadores na construção de obras públicas, engenhos, fortalezas, nas plantações do colonizador. Sua mão-de-obra foi decisiva na construção do Aqueduto da Carioca (Arcos da Lapa), a Casa de Fundição, do Senado, do “Caminho Novo” para o escoamento de ouro das Minas Gerais.
Os portugueses procuraram dominar os índios através da “Guerra Justa”, do “resgate” ou do “descimento”.

RESULTADO DO PROJETO COLONIAL
“O balanço feito pelo padre José de Anchieta em 1580 sobre o que havia acontecido com os índios da Bahia pode muito bem ser aplicado aos índios do Rio de Janeiro: “a gente que de vinte anos a esta parte é gastada nesta Baía, parece cousa que não se pode crer: porque nunca ninguém cuidou, que tanta gente se gastasse nunca, quanto mais em tão pouco tempo”.
O sistema colonial gastou também os índios do Rio de Janeiro, dizimados pelas tropas de guerra e de resgate, pelos descimentos, pelo trabalho forçado, pelas epidemias e pela fome, numa catástrofe demográfica de grandes proporções. Primeiro, foram os povos Tupi no Litoral, nos séculos XVI e XVII. Depois , nos séculos XVIII e XIX, foi a vez dos Puri, Coroado  e Coropó, que haviam resistido até então na área da bacia do Rio Paraíba.






Dos inúmeros aldeamentos existentes no Rio, formados em sucessivas datas ao longo de um período colonial, muitos deram origem a atuais cidades e sedes de municípios. Apenas quinze conseguiram chegar ao século XIX conservando elementos da identidade tribal: .Aldeia de São Lourenço - Niterói;  Aldeia de São Barnabé - Itaboraí; Aldeia de São Francisco Xavier - Itaguaí; Aldeia Nossa Senhora da Guia - Mangaratiba; Aldeia de São Pedro - Cabo Frio; Aldeia Sacra Família de Ipuca - Casemiro de Abreu; Aldeia Nossa Senhora das Neves - Macaé; Aldeia de Santa Rita - Cantagalo; Aldeia Santo Antônio de Guarulhos - Campos; Aldeia de São Fidélis de Sigmaringa - São Fidélis; Aldeia São José de Leonissa ou Aldeia da Pedra - Itaocara; Aldeia Santo Antonio de Pádua - Santo Antonio de Pádua; Aldeia de São Luis Beltrão - Resende; Aldeia Nossa Senhora da Glória - Valença; Aldeia de Santo Antonio do Rio Bonito - Conservatória. (Bessa, J. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”)

“No século XIX, índios das mais diferentes etnias, em um número incalculável, migraram, quase sempre compulsoriamente, para a Corte do Rio de Janeiro, onde faziam pequenos biscates ou passavam a trabalhar em serviços domésticos, na construção civil e nas obras públicas, no arsenal da Marinha, na pesca da baleia, como marinheiros e remeiros de canoas do Serviço da Galeota Real ou do Escaler da Ribeira.
Estes índios urbanos, quase sempre sem emprego e sem domicílio certo, formavam uma “tribo” desfigurada que vagava pelas tabernas e vendas dos principais bairros, sobretudo Candelária, Santa Rita e São José, entrando em conflito permanente com a polícia...
Durante todo o período republicano, no século XX, os índios deixam de figurar no mapa da cidade e do Estado do Rio de Janeiro e na documentação oficial. Reapareceram apenas na década de 1950, quando os índios Guarani, migrando do sul do país, estabelecem três aldeias em Angra dos Reis e Parati, onde permanecem até os dias de hoje”. 
(Bessa, J. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”).
“Com a extinção de cada grupo indígena, o mundo perde milhares de anos de conhecimentos acumulados sobre a vida e a adaptação a ecossistemas tropicais”. ( Darrel Posey, etnobiólogo norte-americano em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”)

 HERANÇA INDÍGENA
“Dentre os muitos legados indígenas à sociedade que foi constituído em seu território, o mais importante foi, sem dúvida, o do seu sangue e genes. Desde a primeira hora, a mulher indígena foi o ventre em que se gerou a população que ocuparia o imenso território conquistado”. (Berta Ribeiro em “O Índio na História do Brasil”).
O legado indígena está presente na língua portuguesa em 46% dos nomes populares de peixes e 35% dos nomes de aves, segundo o linguísta Aryon Rodrigues e uma infinidade de nomes: Niterói, Iguaçu, Ipanema, Carioca...
“As línguas indígenas, que deram nomes às coisas, guardam informações e saberes, funcionando como uma espécie de arquivo. Por isso, é necessário conhecer a contribuição efetiva que legaram à língua portuguesa e entender como viviam os povos que as falavam, para que a nossa sociedade possa se apropriar, de forma inteligente, da experiência milenar arquivada nessas línguas. Este conhecimento, certamente, pode ajudar o brasileiro a viver melhor hoje, tornando-o menos ignorante e mais capaz para respeitar e valorizar as sociedades indígenas atuais”. (Bessa, J. e Malheiros, M. em “Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro”).

CRONOLOGIA DO PERÍODO

1502 - A primeira expedição que explora o litoral fluminense descobre a baía da Guanabara. 
1503 - Gonçalo Coelho estabelece a primeira feitoria, onde hoje fica a praia do Flamengo.
 
1504 - Estabelecimento de feitoria em Cabo Frio.
 
1504-1530 - Corsários franceses, traficantes de pau-brasil, incursionam pelo litoral fluminense.
 
1531 - A expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza aporta na Guanabara.
 
1545 - Os índios goitacás destróem a vila da Rainha, na Capitania de São Tomé.
 
1548 - Regimento de Tomé de Souza normatiza trabalho indígena.
 
1553 - O governador-geral Tomé de Souza chega ao Rio com o jesuíta Manoel da Nóbrega.
 
1555 - Nicolas Durand de Villegagnom aporta na Guanabara e funda a França Antártica.
 
1560 - O governador-geral Mem de Sá destrói o forte Coligny construído pelos franceses.
 
1565 - Fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá.
 
1567 - Morte de Estácio de Sá na batalha contra os franceses, aliados aos tamoios.
 
1568 - Doação de sesmaria a Araribóia para formação da Aldeia de S. Lourenço.
 
1573 - José de Anchieta é designado reitor do Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro.
1584 - Fundação da Aldeia de São Barnabé.
 
1586 - Da Bahia, chegam os primeiros beneditinos para fundar o Mosteiro de São Bento.
 
1589 - Chegada dos Carmelitas ao Rio de Janeiro.
 
1599 - Quatro navios holandeses tentam invadir o Rio de Janeiro.
 
1611 - Lei de 10/09 regulamenta o funcionamento das aldeias de repartição.
 
1615 - Com o nome de Aldeia de Itinga é fundada Aldeia de S. Francisco Xavier.
 
1617 - Concessão de terras para a Aldeia de São Pedro.
 
1620 - Fundação da Aldeia de Nossa Senhora da Guia.
 
1640 - Ameaçados de expulsão, jesuítas assinam acordo com a Câmara do Rio de Janeiro.
 
1659 - Criação da Aldeia de Santo Antonio de Guarulhos.
 
1698 - Proibição de casamento entre escravos e repartição.
 
1714 - Conflitos dos jesuítas com o governador pelo controle dos índios.
 
1722 - Revolta dos índios da Aldeia de São Barnabé.
 
1748 - Conclusão da Igreja da Aldeia da Sacra Família de Ipuca.
 
1755 - Abolida legalmente a escravidão dos índios.
 
1757 - Criado o Diretório dos Índios para regulamentar trabalho compulsório.
 
1761 - Imigrantes europeus ocupam terras da Aldeia de Ipuca.
 
1798 - Decretada a extinção do Diretório.
 
1809 - O Princípe Regente manda fazer guerra ofensiva aos Botocudos.
 
1831 - A Regência revoga as leis que permitiam escravização dos Botocudos.
 
1833 - Os bens dos índios passam a ser administrados pelos Juízes de Órfãos.
 
1845 - Criação da Diretoria Geral de índios e regulamentação da catequese.
 
1866 - A Província do Rio de Janeiro extingue a aldeia de São Lourenço.
 
1902 - Registro de morte de Joaquina Maria, índia Puri, com cerca de 90 anos.


BIBLIOGRAFIA:






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POR ONDE COMEÇAR UMA PESQUISA SOBRE OS ÍNDIOS? .
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  • LOPES DA SILVA, Aracy (org) - A questão indígena na sala de aula, Subsídios para professores de 1º e 2º graus (já citado), 1ª parte.
  • TELLES, Norma A. - Cartografia brasilis ou esta história está mal contada, Coleção Espaço, Edições Loyola, São Paulo, 1984, 156 páginas.
  • COELHO, Ana Lucia et alli. - A imagem do índio na literatura infantil e juvenil: bibliografia, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, São Paulo, 1992, 47 páginas.

Violência velada

Face ao humor negativo, que resulta no assédio moral e na humilhação, a escola deve conscientizar seus alunos sobre os possíveis significados do riso
Paulo de Camargo

·         Um garoto cola um papel nas costas de um daqueles colegas chatos de escola, que sai andando pelo pátio sob o riso disfarçado de todos. Todo mundo já se viu em situação semelhante. O que fazer? Rir desbragadamente, avisar, calar-se? Como se sente a vítima da brincadeira? O que você faria se estivesse no lugar dela? Esta situação cotidiana mostra o grande potencial de discussão sobre ética e moral a partir do tema do humor.
·         Questões como esta foram colocadas para alunos com idade entre 6 e 10 anos de uma escola de São Paulo pela aluna do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Júlia Cizik Franco, que desenvolve uma pesquisa de iniciação científica sobre o tema direito ao riso. Os resultados ainda estão em análise, mas Júlia ressalta o grande interesse demonstrado pelas crianças. "Entre as crianças de 8 e 10 anos, por exemplo, muitas responderam com propriedade, além até do que perguntamos, pois é um tema com o qual já se defrontaram", conta Júlia.
·         É fácil extrapolar o tema. O assédio moral está na moda, apavorando educadores de escolas públicas e privadas, e tem a ver diretamente com o direito ao riso. De maneira igual, o trote enquadra-se na mesma lógica deturpada do que seja bom humor. Muitas das brincadeiras que envolvem a violência moral e o trote amparam-se na ideia de que todos riem, e isso legitimaria o riso, não só entre os praticantes, mas entre os adultos que deveriam se posicionar sobre o que está feito, como professores e diretores. "Calma lá", alertaYves de La Taille, pesquisador da área da moralidade. "As vítimas dessas brincadeiras riem de vergonha pela situação humilhante e não por compartilhar do que lhes está sendo imposto", argumenta.
·         Um estudo apresentado recentemente por sua orientanda, Carla Baldini Marcelino de Melo, mostra que no trote o riso amarelo do humilhado oferece todas as desculpas necessárias para quem humilha. Ela entrevistou veteranos de vários cursos da USP que recorrem ao trote para investigar os critérios que estão por trás do riso de zombaria. Na visão dos seus entrevistados, é o calouro que decide se o trote o humilha ou não. Se ele rir, não tem problema. "O veterano claramente se exime", diz Carla de Melo.
·         Civilizar o riso
O estudo sobre o trote feito por Júlia pode ser estabelecido em outros contextos. "Também no assédio moral o riso de zombaria pode estar muito presente, e o indivíduo que sofre é culpabilizado", explica. Este é um caso típico em que o riso é um argumento antes de tudo sobre a inferioridade do outro, que não eleva quem humilha, mas rebaixa sempre mais o humilhado.
·         A violência moral sistemática surge muitas vezes oculta pelo silêncio, num quadro de personagens do qual constam o humilhador, o humilhado, mas também os que são cúmplices por medo ou conivência. O riso envergonhado e cabisbaixo da vítima, de qualquer idade, aqui também funciona como maquiagem da violência. Para Yves de La Taille, o trabalho mais amplo sobre o humor na escola poderia levantar essas questões, até como forma de conscientizar os alunos sobre o que está por trás de uma boa risada. Às vezes, são a vergonha e a dor, e não o prazer. "É preciso civilizar o riso", diz Yves.
·         Para a psicóloga Denise Ramos, formas de violência como o bullying não têm nada a ver com o bom humor. "O bom humor é relativo a si mesmo, e não aos outros, por isso ter bom humor e fazer piada são coisas bem diferentes", conclui. Segundo explica, humor vem do latim humore, com sentido de algo que flui internamente, relativo a impulsos e reações. Se acrescentarmos antes a palavra "senso", temos a habilidade de apreciar ou compreender um fato. "Assim, a consciência tem de estar presente; sem consciência, não há senso de humor", explica.
·         Na visão de Denise, o riso não deve humilhar, mas sim curar humilhações, vaidades feridas, ressentimentos e raivas. "O senso de humor funciona como um espelho dando a importância real de nossos feitos grandiosos ou vergonhosos. Estudos sobre humor têm observado que as piadas mais engraçadas são aquelas em que o público se identifica com o personagem, isto é, piadas sobre nós mesmos", explica. Do mesmo modo, diz, o bom humor, quando compartilhado, tem uma dimensão social. "Ele nos livra do medo do ataque e aumenta a tolerância com os diferentes conflitos. Criamos novas soluções, modificamos o ambiente e influenciamos mais gente", conclui.
·         Resolução de conflitos
Com tantos atributos formativos, o humor raramente é visto pela escola como um caminho para a resolução de conflitos. As estratégias nesse sentido passam por diálogo, responsabilização e mediação - e nada impede que isso seja feito também com uma disposição bem-humorada, claro, nos momentos adequados. "O humor sozinho não resolve tudo como um milagre. Há hora em que as coisas precisam ser conversadas seriamente", observa a diretora Roberta Mardegam, do Cermac.
·         Há iniciativas que trazem o tema do humor como elemento central da reflexão, como a que vem sendo proposta pelo advogado Marcelo Pinto, fundador do Instituto do Riso, em São Paulo. Pinto inaugurou em São Paulo, anos atrás, o primeiro Clube da Gargalhada - iniciativa que nasceu na Índia, por iniciativa de um médico, e já existe, segundo ele, em 60 países. Mais conhecido como Dr. Risadinha, ele criou um programa denominado InseRir nas Escolas, com o objetivo de conscientizar os educadores e alunos sobre a importância do riso. Entre as estratégias, está a proposição da risada sem motivo, como um exercício antes das atividades didáticas - a exemplo da ginástica laboral existente nos ambientes corporativos.
·         Segundo Pinto, as crianças a partir dos 10 anos desenvolvem mais preconceitos em relação ao riso e ao trabalho proposto. Por isso, ele atua principalmente em escolas do primeiro ciclo do ensino fundamental. "Meu objetivo é conscientizar as crianças de que o bom humor é importante e deve ser cultivado, ao longo da vida", diz. Atuando gratuitamente em escolas públicas e de forma remunerada na rede privada, o advogado conta que algumas vezes encontra desconfiança entre os professores, mas vem conseguindo defender sua causa, inclusive mostrando como o riso pode ser um antídoto para a violência moral. "Ensinamos às crianças que bom é rir com os outros, e não dos outros", diz.

Fonte:Revista Educação.

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